Cora
Coralina (pseudônimo de
Ana Lins dos
Guimarães
Peixoto Bretas) tinha somente o
primário. Mas,
gênio
é gênio!
Respeitada
por todos os escritores, trocava
correspondências
com Carlos Drummond de
Andrade, e, elevou sua cidade,
Goiás, a Patrimônio da Humanidade.
Um repórter perguntou à Cora Coralina o que
é viver bem?
Ela disse-lhe:
“Eu
não tenho medo dos anos e
não penso
em velhice.E digo prá
você,
não
pense. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando
velha.
Eu
não digo. Eu não digo que estou ouvindo
pouco. É claro
que
quando preciso de ajuda, eu digo que
preciso.
Procuro
sempre ler e estar atualizada com os fatos e isso me ajuda
a
vencer as dificuldades da vida. O melhor roteiro
é ler e
praticar
o que lê. O bom é produzir sempre e
não dormir de dia.
Também
não diga prá você
que
está ficando esquecida, porque
assim você fica
mais.
Nunca
digo que estou doente, digo sempre: estou
ótima. Eu
não
digo nunca que estou cansada. Nada de palavra
negativa.
Quanto
mais você diz estar ficando cansada e
esquecida, mais
esquecida
fica. Você vai se convencendo daquilo e convence os
outros.
Então
silêncio! Sei que tenho muitos anos. Sei que
venho do século
passado, e que trago comigo todas as
idades,
mas não sei se sou
velha não.
Você
acha que eu sou?
Tenho
consciência de ser autêntica.
Procuro
superar todos os
dias minha própria
personalidade,
despedaçando dentro de mim tudo que é
velho e
morto, pois lutar
é a palavra vibrante que levanta os fracos
e determina os fortes.
O
importante é semear, produzir milhões de
sorrisos de solidariedade
e amizade. Procuro semear
otimismo e plantar
sementes de paz e
justiça. Digo o que penso, com
esperança.
Penso
no que faço, com fé. Faço o que
devo fazer, com amor. Eu me
esforço para ser cada dia
melhor, pois bondade também se aprende.”
Cora Coralina morreu em
1985 aos 95 de idade, cuidou do seu interior
mais do
que seu exterior, tinha todas
as linhas da vida no
rosto,
e que
vida!
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