Há coisas que nada como o tempo para resolver.
Não, ele não
resolve, claro, mas deixa essa
impressão de que o tamanho
das coisas é bem
menor visto de longe. Enormes problemas
hoje podem assim ser vistos de maneira
diferente amanhã ou
depois. Eles não são
provavelmente menores, mas o primeiro
susto já passou e podemos ser mais objetivos.
Quando estamos por demais envolvidos por nossas
emoções,
nosso racional se perde. Só mesmo as águas calmas
depois da
tempestade podem nos mostrar o quanto somos
resistentes.
Mas... como nem tudo na vida é branco e
nem tudo é preto, o
tempo, de aliado pode
passar a ser um inimigo. E se a vida
fosse menos
complexa teríamos mais habilidade
para saber
onde encontrar a diferença,
a sutil diferença entre o
que se
deve deixar passar e o que se deve apegar.
Se algumas
situações se
acalmam com o passar do tempo,
outras apenas se acomodam
e nos dão a
ilusão de que o
tempo apenas está curando.
Infelicidades e insatisfações do
coração não se resolvem e
não
se tornam menores com
o tempo, elas apenas se instalam e
criam raízes. Acreditamos
assim com a força da nossa alma
que um dia ao acordar algo terá mudado,
que o amor perdido
terá voltado, que a vida terá o mesmo
sabor que antes ou que
terá, melhor ainda, o gostinho do melhor dos nossos sonhos.
Engano!... Certas coisas precisam do
toque das nossas mãos,
precisam da nossa vontade e
força, da nossa disposição e da
nossa fé. O tempo de amanhã será o
mesmo se agimos ou não,
mas nós não seremos os mesmos.
Precisamos aprender a dizer "não" ao que não nos
convém, ao
que não nos
satisfaz, ao que nos
mata silenciosamente.
Precisamos abrir-nos à
vida e viver de maneira que amanhã
olhando para trás
não tenhamos tantos
arrependimentos,
apenas esse sentimento de
auto-satisfação, esse
sentir de
que o tempo passou
sim, mas não passou
sozinho, pois
tivemos a sabedoria de caminhar de
mãos dadas com ele, tal
qual à noiva cheia de sonhos, prometida à
felicidade.
Letícia Thompson
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