Vôo
sublime, elevado, não
acontece por acaso.
É resultado
de um esforço mental
árduo, é
preciso que a pessoa pense
com clareza, com coragem e
muita confiança. Jamais alguém
deslizou para fora da
mediocridade à maneira de uma lesma
preguiçosa. Todos quantos
conheço, modelos de alto nível de
excelência, ganharam a batalha
da mente e mantém cativos
seus pensamentos corretos.
Entretanto, há riscos. Estes
indivíduos escolheram cumprir
o papel de uma pena ativa da
qual flui a tinta, em
vez de um passivo
mata-borrão, onde
se assenta e absorve o que outros
realizaram; eles decidiram
intrometer-se pessoalmente na
vida, em vez acomodar-se,
franzir as sobrancelhas, apenas
observando-a minguar,
tornar-se um regato e, finalmente, estagnar-se.
O mundo está cheio de pessoas que desistem facilmente.
Ficam sentadas, de braços
cruzados, carrancudas, de
olhar cético.
Tem determinação efêmera. Suas palavras
favoritas são:
Para que tentar? … vamos desistir …
não podemos fazer
isto … ninguém consegue realizar coisas assim
…
Elas perdem a maior
parte da ação,
para não mencionar o
divertimento! Decoram as regras,
mas suas mentes são
fechadas para as possibilidades novas, criativas. À
semelhança
de rato de esgoto, o
mundo delas limita-se a um
diâmetro
apertado, feito de
“não vou fazer”,
“não vou conseguir”,
“não posso, desisto”.
Contudo,
de vez em quando, tropeçamos com algumas
pessoas
de espírito cheio
de vitalidade, que decidiram
não viver nos
pântanos do “status quo”,
pessoas que não fugirão do medo de
ser diferentes, embora os outros sempre venham a
dizer: “Isso
não pode ser feito”.
Os que miram alto são
águias de vontade
forte que se recusam a
ser perturbados pelo
negativismo e
ceticismo da maioria. Jamais
usam palavras: “É melhor a gente
desistir!” São exatamente as
mesmas pessoas que crêem que
a mediocridade deve ser
enfrentada. Essa
confrontação
inicia-se na mente,
o canteiro germinal de
possibilidades
ilimitadas, infinitas.
Contam que certo homem estava perdido no deserto,
prestes a
morrer de sede. Foi quando
ele chegou a uma casucha velha,
uma cabana desmoronando, sem janelas, sem
teto, batida pelo
tempo. O homem perambulou por ali e
encontrou uma pequena
sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol
desértico. Ao
olhar ao redor, viu uma bomba a cinco
metros de distância, uma
velha bomba de água
bem enferrujada. Ele se arrastou até ali,
agarrou a manivela e começou a bombear, a bombear sem parar.
Nada aconteceu.
Desapontado,
caiu prostrado, para trás. E notou que
ao seu lado
havia uma velha garrafa. Olhou-a, limpou-a,
removendo a sujeira
e o pó, e leu um recado que dizia:
“Você precisa primeiro preparar
a bomba com toda a
água desta garrafa, meu amigo. P.S.:
Faça
o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir”.
O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a
água.
A garrafa estava cheia
de água! De repente,
ele se viu em um
dilema. Se bebesse aquela
água, poderia
sobreviver. Mas se
despejasse toda aquela água
na velha bomba enferrujada, talvez
obtivesse água fresca, bem
fria, lá do fundo do poço,
toda água
que quisesse. Ou talvez não.
Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar
vir
a água fresca, fria, ou beber a água da velha
garrafa e desprezar
a mensagem?
Deveria perder toda aquela água, na
esperança de conseguir mais
a partir daquelas instruções pouco
confiáveis, escritas não se sabe
quando?
Com
relutância o homem
despejou toda a água
na bomba. Em
seguida, agarrou a manivela
e começou a bombear
e a bomba
pôs-se a ranger e
chiar sem fim. E nada
aconteceu! E a bomba
foi rangendo e chiando. Então, surgiu um fiozinho de
água; depois,
um pequeno fluxo e, finalmente,
a água jorrou com abundância!
Para grande alívio
do homem, a bomba
velha fez jorrar água
fresca, cristalina. Ele
encheu a
garrafa e bebeu
dela,
ansiosamente. Encheu-a outra vez e tornou a beber seu
conteúdo
refrescante.
Em seguida, voltou a encher a
garrafa para o próximo viajante.
Encheu-a até o gargalo, arrolhou-se e acrescentou
uma pequena
nota:“Creia-me, funciona. Você precisa dar toda a
água, antes de
poder obtê-la de volta”.
As pessoas que se arriscam a
viver assim, verdadeiramente
alcançam vôo elevado, sublime. Vivem acima da
mediocridade.
Daniel Carvalho Luz
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